IX Congresso Anptecre 2023

A Religião na América Latina e Caribe: conceitos, relações e perspectivas

PUC Campinas - SP, 19 a 21 de setembro de 2023 

Presencial e Online

Mais informações e inscrições:
Acesse https://anptecre.org.br/9congressoanptecre


Público-alvo:

Estudantes e Docentes dos PPGs da área de Ciências da Religião e Teologia, Público em Geral.


Apresentação:

 Ao realizar o seu V Congresso, na cidade de Recife (PE) em setembro de 2013, intitulado “O futuro das religiões no Brasil”, a ANPTECRE assumiu o desafio de pensar o dinamismo das configurações religiosas, mediante seus processos de investigação científica nos respectivos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu, da área 44 da CAPES, Ciências da Religião e Teologia. Naquela ocasião, apresentava-se um quadro em que a religião se manifestava no pluralismo religioso explícito e nas configurações religiosas sem religião, abrindo a possibilidade de novas análises da religião, que não somente se configurassem no âmbito nacional, mas que transcendessem a territorialidade, a despeito de ser o território o locus originário visível para a compreensão dessas realidades religiosas. Nesse sentido, cabe-nos perguntar: como se configura a religião atualmente? O que têm mostrado as análises realizadas em nossos Programas de Pós-graduação stricto sensu da área de Ciências da Religião e Teologia?

A resposta a essas perguntas nos possibilita rememorar o Congresso de Recife, considerando a configuração religiosa paradoxal, marcada por incidências religiosas em diversos âmbitos. Essas incidências não têm sido lapsos da história, mas propriamente história, trazendo à tona novas formas religiosas que produzem novas formas de convívio social, que por vezes aparecem como princípios para a configuração política, que mantêm uma relação dialética com a cultura, inclusive se constituindo como cultura e propiciam um processo formativo do ser humano. Por isso, a configuração religiosa na contemporaneidade possui caráter paradoxal, de modo que a secularização moderna ou pós-moderna – concebida tanto como o diferente do que é propriamente religioso quanto como a “outra face” da religião – é um status spiritualis que possibilita à religião configurar-se como tal em suas relações com a política, a sociedade, a cultura, a arte e a educação. Assim sendo, a religião incide na política e a política se utiliza do religioso para configurar-se no âmbito social e até mesmo nas relações de poder. Ao se situar socialmente, a religião incide nas relações sociais, mediante princípios morais, posições éticas e suscitação de movimentos espirituais que configuram posturas no convívio social. Nesse convívio subjaz a cultura, que é concebida como totalidade dos produtos humanos, manifestando-se dialeticamente como material e espiritual, universal e particular, regional e local, englobando elementos que constituem os seres humanos em sua produção cultural. Nesse sentido, a religião não apenas possibilitou a emergência do homo religiosus como também apresentou-se como cultura, seja no âmbito das estruturas arcaicas seja no das estruturas complexas. Por isso, tornou-se possível afirmar acima a religião como cultura ou emitir à cultura um caráter propriamente religioso. E se em toda a cultura existe um direcionamento ao convívio social, logo a educação é uma dimensão da sociedade e do próprio ser humano, imprescindível à existência humana. Na configuração cultural da religião e na configuração religiosa da cultura se encontra a arte, cuja diversidade de expressão manifesta as várias formas pelas quais a arte evoca a religião e se mostra como religiosa, especialmente por propiciar a experiência de elevação do humanum e também, propriamente, do encontro do humanum com o sacro.

A despeito das relações que a religião realiza em seu desenvolvimento, há de considerar que sua conceituação não é unívoca e nem há uniformidade em suas manifestações. Por isso, o conceito de religião é diversificado, referindo-se às experiências das grandes instituições religiosas, de movimentos religiosos autônomos, de grupos específicos e de personalidades singulares. Essas experiências contêm gestos, palavras verbais, objetos, ritos, dos quais emergem linguagens e símbolos que articulam materialidade – hylética – e significação – noética –, e apontam formas diversas de religião e de religiosidade. Ao constatar a diversidade religiosa, o termo religião adquire caráter de singularidade em sua condição de experiência religiosa e pluralidade à medida que se efetiva nas religiões.

As religiões possuem loci próprios de sua manifestação e apresentação como experiência religiosa, o que torna possível visualizar, na análise da religião, a experiência religiosa contextual, ainda que o contexto reflita formas relacionais de constituição da religião. Nesse sentido, cabe o contexto latino-americano e caribenho da religião, apropriado em sua dialética de particularidade e universalidade, em que se visibilizam tanto as religiões dos povos originários quanto as de povos imigrantes, com suas marcas sincréticas, interculturais, e construtoras de mundos, mas também se visualiza uma história marcada pelo binômio de opressão e libertação, em que se constatam extratos de etnocídio e genocídio, e também de movimentos de libertação, pelos quais emergiram utopias significativas para a construção de estruturas de justiças, fraternidade e paz.

No âmbito da Teologia e das Ciências da Religião, a análise da religião ou das religiões na América Latina e Caribe remete epistemologicamente ao movimento da multidisciplinaridade, que permite que o objeto religião, em todas as suas dimensões, seja colocado para investigação e estudo em diálogo com outras ciências, promovendo, especialmente, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Ao dialogar com outras ciências, especialmente a Filosofia, a História, a Antropologia, a Psicologia, a Ciência Política, as Ciências das Linguagens e as Ciências Naturais, a Teologia e as Ciências da Religião se constituem em racionalidades científicas abertas, denotativas de rigor epistêmico e metódico, e abertura hermenêutica à busca de novidades sobre a vida religiosa, em suas diversas formas, na América Latina e Caribe.


Ementa:

Reflete os conceitos de religião na América Latina e Caribe, a necessidade de conceituações que atendam à pluralidade e ao dinamismo, suas relações com a política, a cultura, a arte, a sociedade e a educação, e são apontadas perspectivas à luz das reflexões teórico-metodológicas das Ciências da Religião e Teologia.


Objetivos:

1. Analisar a conceituação epistemológica de religião no contexto latino-americano e caribenho.

2. Analisar as relações da religião: sociedade, cultura, arte, política e educação.

3. Analisar as prospectivas da religião na América Latina e Caribe.

4. Debater teorias da religião a partir da produção dos Programas de Ciências da Religião e Teologia.


 

Comissões:

 

Comissão Organizadora:

Dr. Paulo Sérgio Lopes Gonçalves (PUC-Campinas) - Presidente

Dra. Ana Rosa Cloclet da Silva (PUC-Campinas)

Dr. Breno Martins de Campos (PUC-Campinas)

Dra. Ceci M.B.C. Mariani (PUC-Campinas)

Dr. David Mesquiati de Oliveira (FUV)

Dr. Douglas Ferreira Barros (PUC-Campinas) Dra. Fernanda Lemos (UFPB)

Dra. Francilaide de Queiroz Ronsi (PUC-Rio) Dr. Jefferson Zefferino (PUC-Campinas)

Dr. Marcio Cappelli Aló Lopes (PUC-Campinas)

Dr. Marinilson Barbosa da Silva (UFPB)

Dr. Paulo Augusto de Souza Nogueira (PUC-Campinas)

Dr. Renato Kirchner (PUC-Campinas)

 

Comissão Científica:

Dr. Alex Villas Boas (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)

Dra. Angela Ales Bello (Pontifícia Università Lateranense)

Dr. David Mesquiati de Oliveira (Faculdade Unidas de Vitória)

Dr. Douglas Ferreira Barros (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)

Dra. Dilaine Sampaio (Universidade Federal da Paraíba)

Dra. Fernanda Henriques (Universidade de Évora)

Dr. Frederico Pieper Pires (Universidade Federal de Juiz de Fora)

Dr. Iuri Andréas Reblin (Escola Superior de Teologia)

Dr. Luis Carlos Susin (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)

Dr. Manoel Ribeiro de Moraes Júnior (Universidade Estadual do Pará)

Dra. Maria Clara Bingemer (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)

Dr. Matthias Grenzer (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

Dr. Miguel Gonzales (Universidad Católica del Chile)

Dr. Ney de Souza (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

Dr. Paulo Augusto de Souza Nogueira (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)

Dr. Paulo Sérgio Lopes Gonçalves (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)

Dr. Pedro Fernández Castelao (Universidad Pontifícia Comillas)

Dr. Rudolf Von Sinner (Pontifícia Universidade Católica do Paraná)

Dr. Sinivaldo Silva Tavares (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia)

 

Comissão Editorial:

Dr. Breno Martins de Campos (PUC-Campinas)

Dra. Ceci M.B.C. Mariani (PUC-Campinas)

Dr. Douglas Ferreira Barros (PUC-Campinas)

Me. Felipe de Queiroz Souto (UFJF)

Dr. Luis Gabriel Provinciatto (PUC-Campinas)

Dr. Paulo Sérgio Lopes Gonçalves (PUC-Campinas)

Dr. Renato Kirchner (PUC-Campinas)

 

Comissão de Gestão Operacional e de Atendimento:

Tiago Lopes Parreiras (Seth - Evento Dinâmico)

Paulo Vinícus Faria Pereira (Seth - PUC Minas)

Kathleen Vieira (Seth - PUC-PR)